Pandora

Putz! Esses dias li algo que me lembrou de uma velha caixinha de alumínio que tenho guardada há 10 anos, em um antigo armário da casa de minha mãe .Bateu uma saudade dos papéis do passado e fui até lá para fazer uma viagem no tempo.Abri e me deparei com um bolo de cartas...cartas escritas e nunca enviadas,cartas recebidas de amigos,casos e amores não correspondidos.
Encontrei também velhos bilhetes,telefones com a marca do meu baton (no caso de pessoas especiais),passagens,inúmeras passagens de ônibus.Todas as vezes em que eu subi a serra to find my blue eyes (hum que saudade), estão lá registradas naqueles bilhetes que já devem ter uns 6 anos. Havia também uma pedra amarela,na sua forma bruta,chamada Citrino(ela espanta pesadelos).Ganhei do meu melhor amigo.
Ela estava lá, intacta,esperando para virar um anel ao ser lapdada.Ao menos na época essa era a idéia.Ahhh lembra daqueles fósforos que ganhávamos como souvenir? então,lá estavam eles,ganhados há 8 anos atrás, de uma casa noturna chamada Cozumel.Ainda existe?

Ao ler as cartas,eu ri,lembrei dos bons e amargos momentos que ali estavam escritos.Percebi que tudo realmente passa.Li aqueles sentimentos com frieza e não consegui sentir a mesma emoção de quando os escrevi.Haviam ilusões,pedidos de desculpas,declarações feitas e recebidas,letras de músicas que falavam minha língua (Mama Said,The Kids Aren't Alright,Boys Don´t Cry).

Sabe, até que eu levava jeito pra escrever,diferente de hoje.Será que a dor nos torna mais poeta? Ou Pessoa estava certo em dizer que "o poeta é um fingidor"? Aquilo tudo era dor? Ou uma simples vontade de passar a adolescência sofrendo de amor?
Na verdade isso não importa mais.Hoje em dia não procura mais resposta pra nada,muito menos a perfeição de alguma coisa.Minha busca não é mais limitada.Agora eu aceito qualquer dose barata,uma ponta de merda, respostas erradas,pessoas fracas e sentimentos pobres.

Isso não te dá valor.
Mas te torna mais gente.