Tradutor

5 de junho de 2007

Minha jornada começou no ano de 52 embaixo de dois camaradas,um era estudante de medicina e o outro bioquímico,sujeitos determinados,tão determinados que acreditaram no meu suposto potencial,confiaram no que eu talvez pudesse proporcioná-los,uma viajem de mais de 10.000 kms.Hãaa estes estavam loucos!! logo eu já uma senhora do ano de 39 sem a mesma rapidez ,nem o mesmo desempenho daquela época.Mesmo assim aceitei o desafio,e lá fomos nós três...ahhh que maravilha seguir um destino e não saber o que acontecerá pelo caminho,sem dinheiro,num caminho de incertezas,mas cheios de sonhos...Nossa meta,chegar ao Chile. Seguimos uma longa estrada até encontrar nova civilização,aquilo foi demais! ver aquelas pessoas,aquela cultura.Que riqueza!!! passamos por momentos bem difíceis,confesso que grande parte deles foi culpa minha,bem...eles sabiam que isso estava predestinado a acontecer.Eu seguia firme e nem sempre forte,chegamos no peru,que cidade,que lugar!!!passamos pela neve,puta que pariu que frio era aquele? achei que não conseguiria passar por essa,perseveramente os dois sujeitos mais uma vez,acreditaram e me puseram na estrada.Sem alimento,sem dinheiro,cansados...E agora? não...não ache que ficamos na merda,esses caras eram bons deram um jeitinho e até me injetaram uma injeção de ânimo.Mais uma vez seguimos a estrada com mesma determinação de quando iniciamos essa louca aventura,conhecendo gente,culturas,lugares mágicos!!! que delicia... Paramos novamente para descansar e se alimentar,sempre com a mesma história para conseguirmos tal proeza....até recebermos a notícia que causaria um grande choque em todos nós,chegara ao fim minha jornada,é... não tinha mesmo jeito,eu já sentia os sintomas á tempos,só que continuei e lutei contra meus limites por acreditar neles,eu lhes devolvi toda credibilidade que eles depositaram em mim,sabia que aquela viajem era um sonho, o início de duas vidas cheias de oportunidades e ideais.Mas infelizmente meu tempo ali acabara,a despedida foi dolorosa,e eles precisavam continuar,eu fiquei ali sozinha,sem afeto,na chuva,no sol...até que pedaços de mim foram arrancados para outros destinos,mas nada e nenhuma dor se comparava a dor de perdê-los e de não poder mais ajudá-los. Por muitos anos me mantive angustiada e deprimida...Mas ouvi dizer que eles alcançaram seus destinos,e anos depois um dos meus camaradas havia chegado á cuba e virou o maior revolucionário daquele país,mas acabou sendo perseguido e morto.O outro, o tal bioquímico,cuidou de tudo o que seu amigo havia conquistado,cuidou do povo do jeito que ele havia cuidado.E até hoje leva na memória e no coração toda aquela aventura...hoje estou em meu estado de maior felicidade,em saber que fui cúmplice desses ideais,e os ajudei em grande parte dessas conquistas,sou feliz em saber que mesmo eu, sendo uma velha senhora já abatida e cansada,encontrei alguém para acreditar que eu ainda pudesse fazer algo de bom,algo de útil, que eu ainda serviria para ajudar os outros,de uma maneira ou de outra...e mesmo eu já no meus últimos suspiros, ali eles estavam comigo,tentando reanimar-me a cada vez que me abatia,mesmo sendo desse modo,ali encontrei vida,amizade e companheirismo...Por isso hoje além de muito pior que antes e já sem meus pedaços eu sou a moto mais feliz do mundo...



(baseado na história de Ernesto Guevera e Alberto Granado)

Nenhum comentário: